domingo, 14 de agosto de 2011

CIÚME E APEGO – o que eles causam em seu relacionamento.

Algumas pessoas acreditam que ter ciúme do parceiro é "normal" até certo ponto, desde que ele, o ciúme, não cause grandes transtornos ao relacionamento afetivo. Outros defendem que sentir ciúme é uma prova de amor. E você, no que acredita?
Afinal, o que é o cíume?
Percebemos o ciúme como um sentimento desconfortável que nos afeta de forma a nos desequilibrar. Perdemos, muitas vezes, a nossa capacidade de raciocínio e de ver com clareza a situação. Podemos descrevê-lo como um misto de raiva, indignação e tristeza, que pode levar a um imenso desejo de vingança.
Há quem diga que o ciúme tem vários níveis. Sendo assim, pequenas demonstrações de desagrado com o parceiro quando este é paquerado é tido como algo natural e bem tolerado pela maioria, enquanto cenas de ciúme que levem a agressões verbais e, em alguns casos, até mesmo físicas, são consideradas um exagero, um extremo.
Mas, será que é apenas uma questão de ponto de vista?
Para algumas mulheres, por exemplo, é completamente “natural” revistar o celular do parceiro à procura de mensagens ou ligações suspeitas. Outras acreditam que não tem nada demais em dar uma “olhadinha” no MSN ou conferir os amigos (leia-se as amigas) nas redes sociais. E quando confrontadas, argumentam:
“- Ah, mas quem ama cuida!”
Esse “cuidado” é visto, muitas vezes, como uma forma de evitar uma possível perda do parceiro. A pessoa ciumenta chega mesmo a acreditar que está defendendo de alguma forma o seu amor, o seu relacionamento, “cuidando” para que o outro não vá embora. Então, sob seu ponto de vista, está se defendendo de uma perda que para ela seria insuportável. Mas será mesmo verdade?
Será que atitudes como, por exemplo, vasculhar os bolsos, a carteira, investigar os amigos das redes sociais, telefonar várias vezes por dia só para saber onde a pessoa está e o que tem feito durante o tempo em que esteve longe de você são vistas pelo outro como manifestações do seu amor?
Em alguns casos, a pessoa tem tanto medo do abandono, baseado em experiências vivenciadas durante a sua vida, e principalmente na infância, que faz de tudo para evitar passar por esse sofrimento novamente. Porém, ao assumir atitudes tão negativas durante o relacionamento acaba por atrair para si justamente aquilo que pensava tentar evitar.
Quando possuímos uma autoimagem negativa e não gostamos de nós mesmos, não nos aceitamos como somos, achamos que o outro também não deve gostar de nós. Afinal, como poderia alguém amar uma pessoa com tantos “defeitos”?
Com base na certeza de que não pode ser amada como ela é, a pessoa desconfia do amor e da fidelidade do parceiro e passa a buscar de todas as formas preservar esse relacionamento de uma possível traição.
A pessoa tem certeza de que o outro só pode estar mentindo, e que não pode se permitir ser enganada, por isso, passa a querer acompanhar tudo o que o outro faz, onde está, o que está pensando, e mergulha em uma necessidade de ter a posse do outro.
Passa então a ter um apego profundo em relação ao outro, como se sua vida não tivesse sentido sem essa pessoa e o amor que o outro diz sentir fosse o melhor que pudesse conseguir, tendo em vista quem ela é. Principalmente se a visão que tem de si é a de uma pessoa que não mereça ser amada.
Por não acreditar em seus próprios potenciais, em suas capacidades, pensa que o outro só ficou com ela porque não a conhece de verdade, porque não enxerga seus defeitos. Como é muito crítica consigo mesma, acredita que o outro também deve considerá-la um ser humano menos digno de amor, ao desvalorizar-se chega a uma extrema valorização do papel do outro em sua vida. O outro passa a ser em muitos casos o “centro” da vida dessa pessoa.
Umas das maiores buscas do ser humano é por sentir-se compreendido, amado e respeitado. Porém, quando o ciúme e o apego aparecem acabam por desgastar a relação, destruindo o respeito por si e pelo outro, o envolvimento e o amor.
Considerar o ciúme como algo “normal” é ignorar o mal e o desequilíbrio que ele pode causar em uma pessoa e em seus relacionamentos afetivos. Em muitos casos ele leva a sérias conseqüências como, por exemplo, a agressão física e emocional.
É importante reconhecê-lo e buscar caminhos que levem a um maior equilíbrio emocional e psíquico. Nesse sentido, as experiências que conduzam a um maior autoconhecimento, que busquem a aceitação e a valorização de si, elevando a autoestima da pessoa, devem ser percebidas como um poderoso “antídoto” contra o ciúme.

Por: Virgínia Fernandes.

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